Projeto Zequinha

Esta página é dedicada ao Projeto Zequinha de Abreu

O projeto Zequinha será uma oficina ministrada na Oficina Cultural Sérgio Buarque de Holanda.

Acontecerá entre às quintas-feiras das 18:45 às 21:45 a partir do dia 28/04 até o dia 30/06 de 2011.

É aberta a músicos conhecedores ou interessados no gênero que queiram se aprofundar no repertório exclusivo do compositor.

Esta página será constantemente atualizada durante a oferta da oficina com fotos, vídeos e material utilizado, disponibilizando de forma virtual aos participantes e demais interessados  o que for abordado nos encontros.

Portanto, fiquem atentos às atualizações nesta página!

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INÍCIO DA OFICINA!

Atenção! Nossa Oficina começa nesta quinta-feira (28/04) às 18:45h!

O Endereço da Oficina Cultural Sergio Buarque de Holanda é Rua São Paulo, 745 – Centro - São Carlos/SP 

Aguardamos a presença de todos!

 
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Segue abaixo uma descrição mais detalhada do projeto

INTRODUÇÃO
O Choro é, certamente, uma das vertentes mais importantes da música popular brasileira. Originou-se de um época quando os salões do Rio de Janeiro enchiam-se com as polcas e valsas nos bailes para a alta sociedade no Séc. XIX.
Com a chegada da família real portuguesa no início do Séc. XIX, o Rio de Janeiro passa por uma transformação urbana e cultural. A comitiva da família real contava com 15 mil indivíduos. Com isso, muitos músicos, instrumentos e gêneros musicais europeus chegam ao Rio que fica conhecida como “a cidade dos pianos”.
O Choro é resultado da exposição dos músicos brasileiros aos gêneros musicais europeus, essencialmente à polca (que teve sua primeira apresentação no Brasil em 1845). Aqui, a música européia encontrou um ambiente com uma linguagem musical fortemente influenciada por ritmos africanos como o Lundu, já no Brasil desde o Séc. XVII. Podemos dizer que se iniciou como uma polca com sotaque brasileiro.
O Choro surge da influência de gêneros musicais europeus (a polca e a valsa com harmonia tonal e forma Rondó1) e ritmos africanos (O Lundu sincopado).
Os tempos mudaram e a música dos bailes cariocas e de qualquer outra parte do Brasil já não é mais a polca. Porém, o Choro permanece como um dos mais importantes segmentos de nossa música, seja seguindo o padrão e a forma usual com os clássicos que são tocados repetidamente nas rodas de chorões, seja se reinventando e se reformatando com novos instrumentos acrescentados à sua formação original, novas formas e harmonias.
Dentre os grandes mestres da composição do gênero, esta oficina tem por objetivo um deles em especial. O compositor e chorão conhecido como Zequinha de Abreu.
José Gomes de Abreu, ou Zequinha de Abreu, nasceu em 19 de setembro de 1880 na cidade de Santa Rita do Passa Quatro, no interior do estado de São Paulo. Seus talentos musicais já despontaram no início da vida. Aos 5 ou 6 anos tocava piano e dos 8 aos 10 tocou na banda de seu pai, o maestro José de Abreu.
Os estudos musicais de Zequinha foram feitos no Colégio São Luiz em Itu e no Seminário Episcopal em São Paulo, não chegando a frequentar o nível superior, deixando de se formar padre, como gostaria sua mãe e médico, como seria desejo do pai.
Tocava diversos instrumentos musicais: o piano nos bailes ou cinema, clarineta ou requinta na banda, serenatas e nas rodas. Também cantava e era conhecido como ótimo violonista.
Dedicou toda a sua vida à música, tocando em bandas, casamentos e serestas. Fundou sua própria orquestra, que ficou conhecida como Orquestra Smart.
Trabalho com composição para a Casa Beethoven em São Paulo além de tocar e divulgar as músicas para que os clientes pudessem ouvi-las antes de comprá-las.
Morre prematuramente aos 54 anos no dia 22 de janeiro de 1935, vítima de um problema cardíaco.
O presente projeto tem como pretensão divulgar a obra deste distinto compositor advindo do interior paulista, criador de grandes sucessos da música brasileira no Séc. XX como “Tico-tico no Fubá”, música que ficou imortalizada na voz de Carmen Miranda e teve sucesso internacional.
No formato da tradicional roda de choro, músicos da mesma região de Zequinha, poderão desfrutar da obra deste grande mestre, conhecendo sua vida e obra em um resgate histórico com apreciação musical, literatura e, é claro, com o fazer musical.
OBJETIVOS
Os objetivos do presente projeto são de resgate histórico do gênero musical conhecido como choro. Em especial a vida e obra do compositor Zequinha de Abreu.
Além de exposição dos fatos históricos da biografia do compositor em questão, o fazer musical terá papel fundamental, quando os participantes da oficina, na forma de uma roda de choro, poderão executar as músicas do mestre Zequinha, além de aprenderem e exercitarem outras práticas musicais, como a improvisação e arranjos coletivos.
Através de toda a existência do Choro, assim como outras vertentes e manifestações culturais da música brasileira, sua prática acontecia espontaneamente em situações informais onde a música não era um fator de mera apreciação passiva, mas sim uma vivência onde pessoas se expressavam musicalmente e socializavam através destas mesmas manifestações musicais.
Daí o formato da roda de choro ser considerado o ideal para desenvolver a prática deste gênero musical.
Além do formato da roda, a metodologia empregada contará também com uma apresentação do gênero e do autor aos participantes, com uma abordagem histórica, apreciação musical, análise teórica das músicas e exercícios relacionados a linguagem chorística. Em seguida, haverá a prática musical.
JUSTIFICATIVA
A justificativa deste projeto, além da propagação do gênero do Choro, é o resgate histórico e cultural e homenagem a um dos grandes nomes entre os seus compositores e conterrâneo dos habitantes do interior de São Paulo, Zequinha de Abreu.
O Choro nasceu no Rio de Janeiro e muitos de seus compositores como Pixinguinha (talvez seu maior expoente) e Jacob do Bandolim eram também da capital fluminense. Zequinha nasceu no interior de São Paulo e viveu na capital. A escolha de seu nome para este projeto é justamente este elo com o público-alvo da oficina. Aproximar leigos e entusiastas do gênero para conhecerem e compartilharem da obra de um mestre da música brasileira consagrado internacionalmente e que nasceu e habitou terras paulistas, fora do centro original do gênero, o Rio de Janeiro
DESENVOLVIMENTO
As aulas terão duas abordagens do conteúdo: uma teórica e outra prática.
Durante a abordagem teórica, constarão os seguintes tópicos:
  • Contexto histórico do autor e biografia (via comunicação e apresentação de slides)
  • Entrega das partituras2 para análise harmônica (teoria musical)
  • Anedotas e curiosidades sobre as histórias por trás das músicas
  • Apreciação das músicas escolhidas (audição de uma gravação)
A segunda metade das aulas consistirá na vivência musical do material entregue durante o segmento teórico:
  • Exercícios de aquecimento
  • Exercícios musicais para familiarização com a linguagem musical do Choro
  • Introdução à improvisação do Choro
  • Leitura e prática das músicas
  • Arranjos coletivos feitos pelos integrantes das rodas.
Os alunos terão à sua disposição material impresso com os dados históricos apresentados durante os segmentos teóricos.
As partituras constituem-se em melodia e cifras, para que sejam aproveitadas tanto por instrumentos harmônicos quanto melódicos.
Também terão exemplares transpostos para instrumentos em Bb (como clarineta, trompete e Saxofone Tenor), Eb (como saxofone Alto) e em Cláve de Fá (para trombone). Caso haja necessidade, as músicas serão adaptadas para facilitar sua execução no instrumento de algum integrante da roda, como a alteração de tonalidade ou outro tipo de adaptação3.
CRONOGRAMA
As aulas serão dividas em duas partes. O primeiro momento da aula será teórico, com abordagem histórica, apreciação musical (escuta de gravações) e análise teórica das músicas a serem praticadas.
Na segunda metade acontecerá a prática das músicas apresentadas: leitura das partituras e cifras nos instrumentos dos participantes. Nesse momento os alunos já estarão dispostos na formação de roda4, comum à prática de Choro.
Algumas das aulas dispostas neste cronograma serão dedicadas exclusivamente á prática, ocorrendo exercícios relacionados à desenvoltura da linguagem musical, arranjos coletivos e improvisação. Entre as aulas os alunos poderão usar o material entregue para treinar em casa.
O bloco que consiste das aulas 2 a 7 é de introdução às músicas que serão trabalhadas, apreciação e análise das mesmas e a prática instrumental. Além da exposição de fatos históricos dos autores e músicas do cronograma.
As aulas 8 e 9 serão inteiramente dedicadas à prática musical, os aspectos do Choro serão trabalhados de maneira mais aprofundada, com atividades voltadas especificamente para a linguagem musical do gênero e ensaio das músicas do repertório introduzido.
O objetivo final é uma apresentação musical aberta como resultado do trabalho da oficina. Será proposto aos músicos participantes que escolham um repertório final.
1A forma rondó consiste em um sistema em que a música é dividida em 3 partes, denominadas A, B e C. A parte A é a primeira e também intercala as partes B e C e a música termina novamente na parte A. Todas as partes se repetem. Numa música de forma rondó teríamos a sequências das partes sendo AA, BB, A, CC, A.

2Todas as músicas utilizadas neste projeto têm seus direitos autorais em domínio público.

3Alguns instrumentos, como o cavaquinho, possuem extensão melódica limitada, o que dificulta a execução de certas músicas.

4Os encontros informais de “chorões”, saraus popularmente chamados “roda de choro”. Todos se dispõem em círculo, já que não há público presente, de forma que fiquem de frente uns para os outros. Os instrumentos melódicos revezam os solos e contracantos, enquanto que percussão, violões e cavacos se encarregam do acompanhamento.